JUVENTUDE
O que será a poesia?
Corporificação da fantasia?
Exteriorização do sentimento?
Ou será só fingimento?
Por que ficamos horas a poetar
Divagando rimas afora
Quando nos atormenta o sonhar?
Será mera loucura?
O que te trazem esses versos
Que melodificam gracejos
E glorificam nossas visões
Sublinhando nossas sensações?
Será que nos trazem esperanças?
Ou iludem nossa felicidade
Num brincar de esconde –esconde
Entre palavras dispersas?
Onde habitará o poeta
Que em sutil crença
A tudo canta
Numa esvaída lembrança?
Será a poesia fruto d’um instante?
Ou símbolo d’um viver
Que sem perceber
Passa a todos indiferente?
Ah... poesia é mais que isso!...
Do raio de sol da tarde
Uma alma que se esconde
Sai de seu omisso,
E sobre uma janela perdida
Revê a paisagem esquecida!
Nutre forças verdejantes
E tem idéias inflamantes!...
Vive em todos os momentos.
O pasado, o presente e o futuro...
Num só tempo, todos juntos,
Num conviver tão puro...
Sílabas há muito armazenadas
Tomam, então, nova forma
E nasce o poema
Da alma enamorada
Desejos longínquos, dissipados
Retornam à mão trêmula
Que escreve linhas singelas
De sonhos tão almejados
Ventos, negros cabelos
Flores e olhos belos
Fundem-se numa só essência
De rósea transparência
E, na poesia, a alma enamorada
Encontra um mundo doce e amigo
Onde reinam beijos e afagos
Que lhe refazem a alegria reprimida
O que é pois a poesia
Senão um bálsamo ao coração
Que numa doce canção
Suaviza-nos a fantasia
Nela os sentimentos se encontram...
E palavras belas se combinam
Numa querida sensação
Que é só, então, fruto da ilusão...
Assim, numa sonoridade tímida
Mui longe de ser Coreliana
Fica em linhas surdas
Implícita a esperança ufana
Que sem saber como
Deixa entre rimas inacabadas
A vontade incontida
De querer dizer: “te amo”.
HTSR/009315111982