Quem sou eu

Uma entidade difícil de definir pelo formalismo lingüístico. Entretanto, enquanto sujeito, defendo a liberdade de crítica e pratico a crítica da liberdade. Conseqüência: caminhar sobre o "fio da navalha" buscando o equilíbrio entre a transgressão e a disciplina, entre o rigor e a suavidade; tendo como "sol", a iluminar-me e a apontar-me o horizonte, a emancipação conferida pela reflexão ética e como forma primeira de expressão: a poesia.

domingo, 29 de novembro de 2009

A Borboleta

JUVENTUDE


Entre o verde andava e nele se escondia
Boêmia nele comia e nele crescia
Feia e rastejante, odiada por uns
E desejada por outros, foi lutando

Buscou a vida em cada dia
Pelas plantas subia e descia
E não esperando bem algum
Aguardou que o tempo fosse passando

Chegou o dia em que parou
Lenta se enclausurou
Sonolenta repousou
E mais uma vez esperou

Muito foi o tempo que passou
Em seu casulo onde se isolou
Muito foi o perigo que enfrentou

Nas horas e minutos que aguardou

Chegou porém o momento almejado
E a espera foi recompensada
No que se transformou a lagarta
A todos deslumbrou

Fora do casulo abandonado
A larva era renascida
E à colorida mata
Mais cor acrescentou

Como borboleta vôo alçou
Elegante e bela se elevou
Alegre e sedutora
Dos olhos fez-se namorada

Um novo mundo lhe nasceu
Entre as flores que habitou
E como sinfonia dançante

Trouxe mais vida à vida

HTSR/008204021982

O Tempo

JUVENTUDE

A magia do tempo fertiliza-me a memória
Adoça-me os aspectos
E ilumina-me o cérebro.

Retornar no tempo, como poderia?
Relembrar momentos...
Desaparecer como um espectro...

Revivo os ensejos de outrora,
Vitórias e fracassos
Que me construíram.

Aqueles momentos das horas
Que ficaram em minhas pegadas
Que há muito se apagaram...

Me envolvo na teia dos segundos,
A lentidão dos minutos me acolhem,
E eu somente sonho...


Escuto em meus ouvidos
Sons que não mais se ouvem,
Numa realidade que só eu suponho.

Revivo verdades e inverdades,
Fico de novo enamorado
E chego a soluçar!

Mas realidade é realidade,
Não vivo no passado,
No presente é meu lugar.

E ora triste, ora encantado,
Ou apenas espantado ou sorrindo,
Deixei meus longínquos dias...

No tempo que é passado...
No meu envelhecido...

Na poeira de qualquer magia...

HTSR/008127011982

Questão de Querer

ADOLESCÊNCIA


Não basta abrir a janela
Para ver bichos e gente
Não se precisa ser crente
Para se carregar uma vela

Não ser cego não é o bastante
Para árvores e flores ver
Não é suficiente ser inteligente
Para saber compreender

Para se ter pensamentos coerentes
Não é preciso ser filósofo
Não é preciso que a mente crie mofo
Para que se tenha idéias brilhantes

Sem abrir a janela
Pode-se ver lá fora a vida
Pode-se – sim – compreende-la
E torna-la, para si, amada

Escutar sem ouvir
Eis aí uma grande virtude
Para que ouvir
Quando quem transmite é a quietude?

Chamar-se gente
Não é bastante para ser humano
Oh que grande engano
É chamar-se gente.

Não é preciso ser sol
Para assim brilhar
Não é preciso ser caracol
Para então rastejar


Crer que haja razão na esperança
É acreditar em algo que não se alcança
Só se vence com muita luta
E energia que não anda à solta

Não é necessário ser sábio
Para se saber procurar
Não é preciso ser gênio
Para se saber achar

Ser feliz
E não ser feliz
Dá no mesmo
É uma questão de esmo

Uma hora se é feliz por isso
Outra se é infeliz pelo mesmo isso
É tudo muito intuitivo
É tudo muito relativo

Ser pedra ou planta
É algo que não importa
Ser gente ou não
É algo muito vão

Não é preciso nascer imortal
Para algo se poder ser
No meio do mal

Importa somente vencer

HTSR/008016061981

Sentindo e Interpretando

ADOLESCÊNCIA


Ah... tudo é símbolo e analogia!...
O vento que sopra,
A noite que esfria...

Tudo é forma sem forma!
Quem forma e não forma
É o sentir do pensamento.

A música só é música
Para quem gosta de música,
Se não é simples ruído.

A escultura só é escultura
Para quem é escultor no sentir,
Se não é mera figura...

Aa, tudo é símbolo e analogia,
Que invoca um ar de magia
Naqueles que sabem interpretar!...

O que é a borboleta
Se não uma borboleta?
Às vezes pode ser mais que borboleta.

O que é o vento,
Se não um vento?
Às vezes pode ser mais que vento.


A analogia é tão salutar
Que não é para se pensar.
Cansa sentir quando se pensa.

Ah, tudo é símbolo e analogia!
Um trovão que ressoa...
Uma ave que voa...

É tudo uma questão de sentir,
Pois não se deve pensar.
Não se deve meditar.

É isto somente:
Cansa sentir quando se pensa,

Cansa pensar quando não se sente.

HTSR/007915061981

Rotina Científica

ADOLESCÊNCIA


Ave! Oh dia!...
Mais uma vez, frente a frente
Nos encontramos

Ave rotina!
Demos bom dia
Aos mesmos de sempre!

Bom dia cama!
Bom dia sapato!
Bom dia roupa!

Bom dia sol!
Bom dia céu!
Bom dia rua!

Enfadonho ciclo
Todas as madrugadas são madrugadas
Todas as auroras raiam no mesmo lugar

Bom dia gentes
Bom dia animais
Bom dia coisas

Tomaremos café
Depois iremos à faculdade
Depois voltaremos para casa

Ah... esta bolsa sempre cheia
Sempre tão pesadaSempre tão enorme

Aí vamos nós mais uma vez
Como outras, cheias de talvez
Imaginando coisas e desfazendo coisas

Bom dia escola
Bom dia Mestre
Bom dia colegas

Lá está o banco
Sempre frio, sempre duro
Sempre e sempre banco

Olá caneta
Olá caderno
Olá borracha

Tudo bem tesoura?
Tudo bem pinça?
Tudo bem agulha?

Como vai cadáver?
Vamos todos ao serviço
Mas um dia de retalhos.

Parece que ontem foi igual
Ah.... que sono!

Tchau pra todos!

HTSR/007815061981