Gostaria que o florir do encontro casual
Que flui ao vento do acaso
Dos que haverão de ficar estranhos
Não tocasse sobre nós
Gostaria que os olhares descrentes
E os sorrisos doentes
Que enfeitam palavras de episódio
De momentos pontuais
Não em nós se intrometesse
Não em nossa semente
Que nem sequer inchou
Que nem sequer germinou
Gostaria que as vis interpretações
Cúmplice das idéias funestas
Que fazem baixas as intenções
Nunca aqui fizessem festa
Gostaria que não nos orientássemos
Por faróis distantes
Nem por estrelas sem lume
Ao acaso de um olhar perdido
Quanto ao andarilho de ti em mim
Gostaria de vê-lo não passante apenas
Mas sim um alguém analista
Num que de sedentarismo mediante
E que as metafísicas perdidas nos cantos dos poréns
E as filosofias solitárias de tanta trapeira de falhas
Habitassem para sempre no poço das desilusões
Lá se mantendo em tempo perdido...
Gostaria que fossemos incasuais na alma
Assim como na vida
Se é que não somos frutos de ilusões
Ou de sonhos bastardos
Não sejamos jamais fantasmas
Que erram sobre recordações
De pingos de momentos
Quer felizes ou não
A razão, essa nossa mãe distraída
Deve cuidar para que sombras
E que a luz fúnebre desconhecida
Habitem a obscuridade merecida
Que os entes do fluído abstrato
Não façam de nossa viagem
Um correr, sem fim
Um sem fim de correr
Que as intersecções dos vazios
E as uniões dos nadas
Não passem nunca sobre nós
Eis aí meu maior desejo
HTSR/007714061981